Brasília possui tradição no artesanato e a história de uma artesã de 91 anos pode comprovar isso. Nascida em Pernambuco, a artesã Antônia Lopes mudou-se para Brasília em 1985, trazendo consigo a família e a paixão pelo artesanato. Foi no Gama Leste, na casa da irmã, que iniciou seu caminho de dedicação à arte. Atualmente, a artista tem suas peças expostas nas lojas de artesanato de Brasília, localizadas em shoppings da cidade, em feiras e exposições pelo mundo.
Antônia começou a trabalhar com artesanato aos 18 anos, uma tradição que manteve por toda a vida. Ela recorda que, ainda criança, cuidava dos irmãos mais novos, uma responsabilidade que incluía desde lavar roupas no rio até esquentar mamadeiras. Esses primeiros anos moldaram sua paixão e habilidade em criar, algo que ela considera um presente de Deus.
Ela inclui em seu trabalho artesanal o uso de materiais como palha de milho, sabugo e cabelo de milho, flores e folhas do cerrado, e é conhecida pela beleza e originalidade de suas peças. Entre suas criações, a canela-de-ema e o capim são suas matérias-primas favoritas. Ela descreve a natureza como sua maior inspiração e ajuda, transformando materiais simples em verdadeiras obras de arte.
Obra de Antônia Lopes – Foto: Setur/DF
A artesã também é conhecida por sua generosidade em compartilhar conhecimentos. Atualmente, ela ministra cursos no Instituto Mãe Maria e no Posto de Saúde do Setor Sul, no Gama, onde ensina técnicas de artesanato para pessoas necessitadas. Dona Antônia (como é conhecida) enfatiza a importância de trabalhar com respeito à natureza, coletando materiais de forma sustentável e sem prejudicar o meio ambiente. “Tem que cuidar da natureza para não faltar material, é dela que tiro meu sustento e o meu trabalho”, pontua a artesã.
Antônia acredita que o artesanato não é apenas uma fonte de renda, mas também uma forma de manter a mente ativa e saudável. “Meu trabalho é uma maneira de trançar a vida, é assim que eu chamo, eu amo trabalhar, e faço com alegria e dedicação”. Sua casa, apesar de pequena, está sempre cheia de peças em diferentes estágios de criação, um verdadeiro testemunho de sua paixão incansável.
Artesanato em Brasília
Atualmente, Brasília possui cerca de 14 mil artesãos cadastrados na Secretaria de Turismo (SETUR-DF), entre eles 30 são mestres artesãos, categoria na qual Dona Antônia está incluída. “O artesanato de Dona Antônia não é apenas um trabalho pessoal, mas também uma representação da identidade cultural de Brasília. Suas flores do cerrado são uma parte importante do cenário artístico local, levando a essência da cidade para além de suas fronteiras. Estamos apresentando o trabalho desses artesãos em feiras e congressos por todo o mundo, e também em nossas 3 lojas nos shoppings. A intenção é criar, cada vez mais, espaços para que esses produtos sejam vendidos e o artesanato de Brasília seja reconhecido”, ressalta o secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo.
No mês de julho, a SETUR-DF levou 7 artesãos do DF para exposição e comercialização de suas artes na 24ª edição da Fenearte, em Olinda (PE). Juntos, eles faturaram R$ 118.890,00. Além das feiras e congressos, os artesãos contam com 3 lojas de artesanato, localizadas no Pátio Brasil Shopping, no Alameda Shopping e na Feira do Guará. Os artesãos e manualistas também têm à disposição o Espaço Cultural de Turismo e Artesanato, localizado na 507 Sul, onde ocorrem palestras e oficinas para o desenvolvimento dos artesãos.
A Contribuição para Brasília
Ao longo dos anos, Dona Antônia participou de diversos concursos e feiras, conquistando reconhecimento por seu trabalho. Ela conta que, apesar das dificuldades, sempre encontrou força e inspiração na fé e na natureza. Sua história é um exemplo de como o artesanato pode ser uma ponte entre tradição e inovação, um elo entre o passado e o presente.
Aos 91 anos, ela continua a trançar sua vida com a mesma dedicação e paixão de sempre. Sua trajetória é uma inspiração para todos que a conhecem, mostrando que a arte e a criatividade são ferramentas poderosas para enfrentar os desafios da vida. Em cada peça que cria, Antônia deixa um pedaço de sua história, uma história de amor pela arte.
